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Vidas negras e o esporte

Que tal uma cor linda, marcante e digna respeito? 

Não. Dessa vez não estamos falando de bike… Ou melhor, não só de bike.

Vamos falar sobre o negro no esporte?!

Por favor, leia até o fim e aprenda um pouco junto com a gente sobre a importância do respeito pelas pessoas de pele preta para o nosso próprio crescimento, combate ao racismo e também para o progresso do esporte no Brasil e no mundo.

Esporte não é coisa só de branco, é para o bem de todos. E por que, ainda assim, vemos poucos negros ingressando com facilidade no mundo esportivo?

A resposta nem está tão longe de ser esclarecida. O que a gente vê no decorrer do desenvolvimento social desde o início da história é o tratamento inferiorizado pelo qual o negro passou e passa ainda nos dias atuais, como  a gente tem visto explodir nos meios de comunicação.

E isso obviamente limita o acesso a várias oportunidades o tempo todo. Com o esporte não foi diferente.

E já que estamos no Brasil, podemos começar falando de algo que todo brasileiro (até quem não curte) conhece

Vidas negras e o esporte 1
Primeira partida de futebol do Brasil

O futebol seria um exemplo? Sim.

Esse esporte chegou ao Brasil em 1895 e era uma prática totalmente elitizada. 

Como se encontrava nosso país em 1895?

 A Lei Áurea estava para completar 7 anos, apenas. 

Recém escravizados teriam direito de serem jogadores de futebol? É bem provável que não. Com isso, pode-se concluir bem quem dominava a bola daquela época. 

Isso mesmo, as pessoas brancas.

Essas circunstâncias melhoraram muito com o passar das décadas. Mesmo que lentamente, inúmeras barreiras foram quebradas e, para nossa felicidade e alívio, atletas históricos e inclusive o Rei do futebol brasileiro são negros.

Isso veio a se refletir em todos os aspectos da vida, da sociedade e também em outros esportes.

Trazendo pro assunto que a gente gosta… Como é a participação do negro no ciclismo?

Vidas negras e o esporte 2
Ciclista americano Major Taylor | fonte: daemoncycling

Já parou alguma vez pra contar quantos amigos negros fazem parte do seu grupo de pedaleiros?

Assim como em todos os espaços, o negro nos pedais ainda é minoria. Um outro fator simples de se explicar também. 

O ciclista da foto acima é Major Taylor, o primeiro negro estadunidense a ser campeão e o segundo homem negro no mundo a vencer um campeonato, ficando atrás apenas do boxeador George Dixon.

Isso tudo em meados de 1900, uma era extremamente racista. Dá pra imaginar o nível de superação que foi necessário?

Bikes bem equipadas exigem investimento alto, o que resulta preços elevados, afinal são produtos extremamente valorizados no comércio.

E infelizmente a desigualdade racial no Brasil vai muito além de ataques verbais.

A segregação de cor transborda na situação econômica e interfere de maneira implacável no poder de compra das pessoas como uma espécie de “efeito dominó”. Logo, ainda temos menos ciclistas de pele preta nos giros. 

Para que isso mude, toda uma cadeia de acontecimentos sociais precisa mudar. A gente torce pra que essa evolução aconteça e dê espaço a todos de maneira igual!

Isso depende de cada um, para, então, promovermos um crescimento conjunto.

Em prol dessa luta por um espaço que é direito de todos, surgiu um movimento eletrizante do Rio Grande do Sul, o Pedalada Black!

Vidas negras e o esporte 3
Movimento Pedalada Black

Paixão e consciência preta unidos? Temos!

Trata-se de uma pedal em grupo onde só pessoas pretas participam.

A gente trocou uma ideia com a Deise Franco, colaboradora do projeto, e ela nos contou que a ideia surgiu do amigo Jean Luiz, que se inspirou em outro movimento, o Giro Preto, que acontece em SP. 

O que chamou a atenção do Jean foi o fato de ele curtir um pedal, mas não ver pessoas negras circulando em grupos na região de Porto Alegre. Foi aí que ele decidiu criar um grupo nas redes sociais e então convidar pessoas pretas e apaixonadas pelo pedal pra um giro coletivo.

A galera demorou um pouquinho pra se acostumar com a ideia. Nos primeiros pedais poucos compareciam, mas não demorou pra essa realidade mudar.

“De início foi bem difícil. Na primeira vez foram três ou quatro pessoas. O pessoal incentivou bastante, mas poucas pessoas foram. A gente tentava fazer a cada dois sábados ou a cada dois domingos. E, conforme foram passando os dias, a gente foi fazendo e o pessoal começou a vir. Hoje são 36 pessoas que comparecem.”

O Pedalada Black tem ganhado tanta força que está atraindo até pessoas que não pertencem ao movimento.

“A gente tem bastante amigos brancos que nos apoiam e questionam por que não faríamos um pedal pra todos. Mas acredito que ainda não é um momento pra isso. O intuito é realmente uma ‘pedalada black’. De repente no futuro a gente possa pensar em alguma coisa.” 

Muito mais do que um ato de conscientização, pedalar tem a ver com sentir-se bem, estar com quem se gosta e sentir-se livre. Assim começam as grandes revoluções: pelo simples.

“Tentamos mostrar de todos os jeitos que estamos aqui, tentamos de todas as formas mostrar o quanto somos capazes. Andar de bike é um ato simples? Sim, pode ser, mas o quão importante isso é para nós não tem explicação. Tivemos uma ideia, colocamos em prática e fomos abraçados por todos. Andar de bike é um ato de liberdade, felicidade e harmonia. Nada melhor que estar junto com os nossos nesse momento.”

Esta é a principal missão do ciclismo: transformar um simples giro em oportunidade de transformação, liberdade e, claro, grandes aventuras.

Valeu, 

Tamo junto!

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