Entenda tudo sobre os ângulos e medidas que influenciam no funcionamento da bicicleta
Para muita gente, a geometria da bicicleta é o desenho do quadro. Por isso, não é incomum escutar alguém falando que “tal bicicleta tem a geometria bonita”, ou até mesmo que determinado modelo tem a geometria “boa” ou “ruim”.
Mas a geometria da magrela vai muito além disso: os comprimentos e ângulos vão determinar não só as medidas do ciclista que usará a bike, mas também como será sua pilotagem, além da desenvoltura do equipamento em subidas, descidas e curvas.
Para entender como isso funciona, preste atenção nas informações abaixo e aprenda a escolher a geometria ideal para suas pedaladas.
A tabela de geometria
Seja a bike de estrada ou de trilha, sua geometria sempre será apresentada no formato de uma tabela. Normalmente, esta tabela será dividida nos diferentes tamanhos da bike, trazendo indicações para seus principais ângulos e comprimentos.
Diante dessa informação e entendendo exatamente o que cada valor e sigla significam, escolher a bike que mais se enquadra à sua altura para as pedaladas fica muito mais fácil.
A – Tamanho do quadro
O tamanho do quadro normalmente refere-se ao comprimento do tubo do selim da bicicleta, medido do centro do movimento central até o final do tubo do selim (seat-tube). No caso da TSW Full-Quest Starter, por exemplo, a medida é dada em polegadas, indicando que o tubo do selim da bicicleta pode ter 15.5’’, 17.5, 19 ou 21 polegadas de comprimento.
Vale dizer que, apesar de servir como uma boa indicação de tamanho, esta medida não precisa ser super precisa. Afinal, dentro de um certo limite, você pode alterar o tamanho do canote e sua inserção no quadro para encontrar a altura correta do selim da sua bike.
B – Ângulo do tubo do Selim
Este ângulo, medido em relação à horizontal, indica a inclinação do tubo do selim da bike. Ele é um indicativo da posição em que o banco da bicicleta vai ficar e, atualmente, a tendência é a utilização de ângulos maiores, que deixam o canote do selim em uma inclinação mais “em pé”.
Com isso, o peso do ciclista fica mais para frente na bike e, além disso, o piloto fica mais bem posicionado em cima do movimento central, o que facilita a aplicação de força em subidas e ajuda a evitar que a frente da bike empine.
Por outro lado, um banco muito para frente pode prejudicar a fluidez da pedalada, algo que costuma ser mais notado no plano. Por isso, o ideal é sempre procurar um profissional de bike fit, capaz de posicionar seu corpo da maneira mais eficiente para pedalar.
Lembre-se que o selim pode ser ajustado para frente e para trás no canote. Vale ressaltar que existem canotes com recuo (seat-back), que ajudam a deslocar o selim mais para trás, caso isso seja necessário.
C – Stack
O Stack é a altura do quadro, medindo a distância horizontal entre o centro do movimento central e o topo da caixa de direção. Essa medida vai indicar a altura do guidão da bike em relação aos pedais e, por consequência, em relação ao selim.
Bikes com mais stack costumam ser mais confortáveis, já que um guidão mais alto ajuda a aliviar a pressão nas mãos e nas costas. Além disso, mais Stack permite puxar a frente com mais facilidade, o que é especialmente bem-vindo em trilhas inclinadas e degraus.
Por outro lado, uma frente mais baixa ajuda no desempenho nas subidas, principalmente por evitar que a bike empine com facilidade.
Mas é importante destacar que a altura do Stack sempre será somada à inclinação da mesa e à altura do guidão. Só então você terá a posição final de pedalada – por isso, o Stack é mais uma daquelas medidas que podem ser ajustadas, para que você se encaixe melhor na bike e também nas trilhas que gosta de fazer.
Entenda mais detalhes sobre a mesa e o guidão da bicicleta neste artigo do Blog da TSW.
D – Comprimento do tubo da Caixa de Direção
Esta medida está diretamente ligada ao Stack, por motivos relativamente óbvios. Afinal quanto maior for o tubo, maior será a altura da frente da bike. Porém como o Stack é medido em relação aos pedais da bike, a altura do Head Tube acaba sendo menos relevante.
Isso porque, uma bike com um head tube de 110mm pode ter um guidão mais baixo do que uma com o head tube de 100mm, desde que seus pedais sejam mais altos. Por isso, deixe essa medida de lado e dê preferência sempre ao Stack.
E – Ângulo do Head Tube
O ângulo da caixa de direção é um dos que mais influenciam no comportamento da bike, já que ela vai ter influência direta no trail e no efeito auto-estabilizante da roda dianteira. Para não complicar demais o texto, basta ficar ligado nos detalhes abaixo.
O ângulo da caixa de direção é medido em graus, e aponta a inclinação do head-tube em relação à horizontal
As bikes que foram feitas para subidas e terrenos mais agressivos possuem a caixa de direção mais em pé, já que isso facilita a manutenção do equilíbrio em baixas velocidades, além de ajudar a manter a agilidade em trilhas apertadas. Este é o caso da TSW Full Quest Advanced + , que é uma bike de XC com boa capacidade nas subidas e descidas (a caixa dela tem 68 graus de inclinação).
Por outro lado, uma bike de enduro como a TSW All-Quest tem a caixa de direção bem mais deitada, com 66.5 graus de inclinação. Por ser focada nas descidas, essa inclinação permite mais estabilidade em velocidades altas e também controle em trilhas super técnicas.
Além disso, até mesmo o funcionamento da suspensão dianteira acaba sendo mais eficiente – já que a roda atinge os buracos em um ângulo mais favorável com a força do impacto comprimindo a suspensão, e não empurrando-a para trás como em uma bike com o garfo mais em pé.
F – BB Offset
Também conhecido como BB Drop, esta medida indica o rebaixo do movimento central em relação á linha horizontal que passa pelos eixos da bike. Ele é de fundamental importância por posicionar o ponto de apoio do peso do ciclista em relação aos eixos da bicicleta.
Um central mais alto fará com que a bike “deite” mais rápido em curvas, mas acaba deslocando mais o peso em trechos inclinados – pense em um triângulo com o “topo” mais alto.
Atualmente, a tendência é utilizar centrais mais baixos, já que isso melhora a estabilidade da bike em velocidades elevadas e trechos técnicos. Porém um central baixo pode causar impacto dos pedais contra o chão ou em obstáculos.
O BB Drop muda completamente como o piloto “sente” a bike. Isso quer dizer que, em bikes com o central baixo, você fica com a sensação de estar pilotando “dentro” da bike. Já as bicicletas com central mais alto passam a sensação de estar “em cima” da bicicleta.
G – Comprimento da rabeira
O chain stay une o movimento central ao dropout do eixo traseiro, e sua medida pode ser real (a do próprio tubo) ou efetiva (medida horizontal entre o eixo traseiro e o movimento central).
O comprimento da rabeira tem relação direta com a distância entre eixos , por isso, quanto mais curto ele for, mais ágil será a bicicleta. Em contrapartida traseiras muito curtas podem fazer a bike empinar com mais facilidade em subidas muito inclinadas. Mas estas também facilitam na hora de “puxar” a frente da bike para dropar um degrau mais alto, por exemplo.
H – Distância entre-eixos
Trata-se do comprimento total da base da bicicleta, medida do centro do eixo dianteiro ao centro do eixo traseiro. Quanto maior o entre eixos, mais estável será a bike. Quanto mais curto, mais arisca e rápida nas respostas será a bike.
Atualmente, as bicicletas de trilha estão ficando cada vez mais longas em suas porções dianteiras e, por conta disso, existe uma tendência de tentar compensar isso com traseiras mais curtas.
Mas, mesmo assim, se comparada com as bikes de alguns anos atrás, os modelos atuais são consideravelmente mais compridos e estáveis, até para acomodar o maior grau de dificuldade técnica das trilhas atuais.
I – Top Tube Horizontal
O comprimento horizontal do tubo superior é medido do centro da caixa de direção em seu topo, seguindo uma linha imaginária paralela ao solo até o tubo do selim. Trata-se de uma medida muito importante, pois ela define, em grande parte, a posição que o ciclista ficará enquanto ele estiver pedalando sentado.
Porém, nos últimos anos, o comprimento do Top Tube ficou um pouco “esquecido”, especialmente nas bikes de trilha. Isso porque, no MTB, a medida do Reach que você confere abaixo acabou ganhando mais relevância.
Mas, por via de regra, bicicletas com o tubo superior mais alongado vão colocar o ciclista em uma posição mais agressiva durante a pedalada, com o corpo mais inclinado para frente, em uma postura mais atlética.
Já as bikes mais indicadas para o conforto costumam ter o tubo superior menor – o que deixa o ciclista mais ereto – economizando as mãos e as costas do piloto.
J – Reach
O Reach, ou alcance, é a medida horizontal entre o centro do movimento central e o centro do head-tube. Ele indica o quão longo é o quadro e, juntamente com o ângulo da caixa de direção, são as medidas mais discutidas atualmente no mundo do MTB.
Atualmente, existe uma tendência de utilização de quadros mais longos e mesas mais curtas, o que permite atacar terrenos técnicos com mais facilidade, já que o peso do ciclista fica mais centralizado entre os eixos da bicicleta.
Além disso, por deixar a roda dianteira mais para frente em relação ao centro de gravidade, uma bike com mais alcance funciona como um triangulo com uma base maior e, por isso, ela resiste melhor ao capotamento frontal, especialmente em descidas super inclinadas.
Porém, bicicletas mais longas tem um comportamento mais “preguiçoso” graças ao aumento da distância entre eixos, o que costuma reduzir a agilidade em trilhas apertadas e subidas.
Portanto se você está procurando uma bike mais capaz nas descidas, opte por valores maiores de alcance, mas lembre-se que esse tipo de bike exige adaptação da pilotagem. Isto é, deslocar seu peso mais para a frente em todas as situações, especialmente em curvas, para não perder a aderência na dianteira da bike.
Até por isso uma bicicleta mais focada no XC costuma ter menos alcance do que uma bike trail ou uma Enduro, por exemplo.
Conclusão
Como você viu, a geometria da bike não é nenhum bicho de sete cabeças. Com um pouco de prática, pesquisa e leitura (e também fazendo um bike fit), fica mais fácil ainda escolher a máquina que melhor atenderá ao seu tamanho, bem como o estilo das suas trilhas.
Mas se você achou tudo isso muito complicado, basta seguir as recomendações de tamanho das bikes da TSW feitas por nossos revendedores. Confira também nossas recomendações sobre o uso correto de cada bicicleta.
Quanto à informação sobre a “Geometria” da bike, você pode localizar na página de nossos modelos, sempre no formato de uma figura, como ilustrado abaixo. O ícone está acompanhado da descrição das capacidades de cada uma de nossas bicicletas.
Além disso, nossa equipe de desenvolvimento está sempre ligada nas últimas tendências do mercado. Tudo para você se preocupar apenas em subir na bike e sair pedalando com um modelo sempre atualizado.
Valeu e até a próxima!