“Fui matar o pulo e acabei matando demais. A bike virou por cima de mim e caí de cabeça no chão, fazendo com que minha perna esquerda virasse e o fêmur saísse do quadril e trincasse causando uma forte luxação.” – Iara Caetano
No dia 24 de junho, nossa atleta Iara Caetano de 20 anos sofreu uma queda no CIMTB, etapa de Araxá, durante os treinos. Tal acidente fez com que a atleta ficasse parada totalmente por dois meses e voltasse a andar com o auxílio de muletas ao longo do terceiro mês.
“Você não vai voltar a competir. Com uma lesão tão grave, seu pedal será apenas o urbano.”
Quando foi socorrida pelos paramédicos e recebeu atendimento hospitalar, seus dois primeiros dias após o acidente foram um baque, um choque. Com o diagnóstico de dois médicos, Iara foi informada que nunca mais voltaria para as trilhas e competições. Até mesmo as poucas pedaladas na modalidade urbana ainda seriam muito intensas para ela.
“No início foi muito difícil estar fora da bike, pois o ciclismo não é apenas uma profissão, mas um estilo de vida. É algo maior que faz parte de mim”, disse Iara.
Período de Recuperação
Nos dois primeiros meses após o acidente, Iara não pôde treinar, precisando ficar apenas deitada, refletindo. Seus sentimentos iam da angústia à fé. Ao mesmo tempo que a tristeza tomava seus pensamentos ao imaginar uma vida sem a bike, a fé tomava conta de sua alma e a esperança para voltar às pistas só crescia. Até que, com o seu repouso e os bons resultados dos exames, os médicos concordaram que a atleta iniciasse a fisioterapia — que foi o ponto chave para sua boa recuperação.
Além do tratamento, Iara realizou procedimentos a laser, exercício de mobilidade, flexibilidade e hidroginástica. Com sua boa reabilitação, a atleta diz que “voltar a movimentar no meu terceiro mês sem nenhum resquício de dor e impedimentos foi como se tivesse vencido a prova mais difícil da minha vida.”
“A sensação de voltar às competições é indescritível, mas também muito dolorosa. Tanto fisicamente, quanto psicologicamente (principalmente psicologicamente)”, ressaltou Iara.
O tão aguardado momento: o retorno às pistas
O retorno ao Campeonato Brasileiro de MTB 2022 em Conceição do Mato Dentro, a prova mais importante para todos os ciclistas brasileiros, foi doloroso para a atleta, pois como o seu corpo esteve parado por um tempo, os impactos de cada subida, descida e curva após a prova resultaram numa dor física muito forte.
No entanto, a dor e a frustração foram ainda maiores no psicológico da ciclista, pois antes do acidente, Iara estava na sua melhor fase, sendo a primeira colocada na categoria Sub 23. Dessa forma, seus pensamentos mostravam que ela aguentava a intensidade das pistas, mas o corpo dizia o contrário pedindo arrego e descanso. “É muito doloroso fazer força e não ver a bike andar, mas você precisa ter disciplina para não desistir. Isso é uma fase que, com muita persistência, vai passar.”
“Agora me sinto mais forte, mais resistente e vou dar tudo de mim nos treinos para que o próximo ano seja sensacional!” – Iara
Os próximos passos (ou devemos dizer: as próximas pedaladas!?)
A expectativa para o próximo ano da atleta é enorme. Iara já tem todo o calendário 2023 pronto, provas alvos já escolhidas e o seu atual objetivo é entregar tudo de si nos treinos para voltar a mesma performance que tinha antes da lesão para que o próximo ano seja espetacular.
“Se você é ciclista, nunca desista. Independente de qualquer coisa, nunca desista.”
Iara sempre diz que por mais que pareça algo distante da sua realidade, tudo que nós acreditamos, nos entregamos e nos sacrificamos, geram resultados. As lesões fazem parte do esporte e os atletas estão sempre sujeitos a elas, principalmente no MTB que é uma modalidade que exige força, adrenalina e muita coragem. “Se você quer se dar bem no esporte, não adianta ficar sempre na mesmice e não se arriscar. Nós sempre evitamos as lesões ao máximo, mas elas são inevitáveis.”
“Passar por três médicos, ouvir de dois deles que eu nunca mais voltaria a competir e hoje ver que eu e a minha fé em Deus mostramos o contrário, foi como vencer a prova mais difícil da minha vida. Coloquei Deus em primeiro lugar. Confiei Nele e Ele permitiu que eu voltasse para o lugar que mais amo: as pistas. Por isso, agradeço a Ele e a toda a equipe que esteve por trás da minha recuperação, sendo eles: meus médicos, treinador, fisioterapeuta.” – Iara Caetano.