Todo ciclista ama as subidas e, quanto maior e mais inclinada, melhor. Só que não! Brincadeiras a parte, goste você das subidas ou não, o fato é que pegar uma ladeira faz parte do ciclismo.
Felizmente, boa parte das bicicletas modernas possuem marchas e, assim como acontece com os carros, elas ajudam bastante na hora de brigar contra a gravidade.
Mas, mesmo que sua bicicleta seja super atualizada, é preciso saber usar suas marchas para suar menos a camisa nas rampas, ladeiras e montanhas – agora, vamos ensinar você como fazer isso.
1 – O básico das trocas de marcha
A primeira coisa que você precisa entender é como usar as marchas da bike, e isso é mais simples do que você imagina. Primeiro, vamos falar dos trocadores, que são as alavancas posicionadas no guidão que deixam as marchas mais leves para as subidas, ou mais pesadas para as descidas.
Obs: No exemplo abaixo, usamos um trocador Shimano de Mountain Bike, que é o sistema mais comum no mercado. Vale destacar que cada marca e cada modelo tem um funcionamento específico, mas o princípio básico é sempre o mesmo. Por isso, consulte o manual de instruções em caso de dúvidas.
Trocador direito – O trocador direito controla o câmbio traseiro da bike. Este é o que você vai utilizar mais, já que as trocas traseira acontecem com mais facilidade. Para deixar as marchas mais leves, acione a alavanca do dedão. Para usar marchas de mais velocidade, acione a alavanca do indicador.
Trocador esquerdo – O trocador esquerdo controla o câmbio dianteiro, que funciona de maneira inversa ao traseiro. Portanto, para usar marchas mais leves, acione a alavanca do indicador. Para usar marchas de maior velocidade, acione a do dedão.
2 – Coroas e pinhões
Este item é mais explicativo, portanto sinta-se à vontade para pular para o próximo se achar conveniente.
Na roda traseira da bike, o conjunto de engrenagens chama-se cassete, e ele é composto por diversas engrenagens chamadas pinhões. Na traseira, um pinhão maior aumenta a alavanca, deixando as marchas mais leves (alavanca do dedão, lembra?).
Na dianteira, as engrenagens chamam-se coroas e, ao utilizar uma menor, a marcha fica mais leve (alavanca do indicador, lembra?).
Os câmbios funcionam de forma invertida por um motivo simples: subir para coroas e pinhões maiores exige mais força, e essa energia vem dos seus dedos. No sentido contrário, indo para engrenagens menores, quem faz força é a mola do câmbio.
3 – A marcha mais leve da bike
A marcha mais leve, ou mais fácil para as subidas, sempre é a combinação entre a coroa pequena e o pinhão grande, como indicado na imagem abaixo. É importante evitar marchas cruzadas, com a coroa grande e a engrenagem grande, já que isso acelera o desgaste da relação da bicicleta.
4 – Em subidas curtas, aproveite o embalo
Se você subir uma ladeira curtinha, com algumas dezenas de metros, o ideal é acelerar e aproveitar o embalo para passar de uma vez. Nesta situação, mantenha a marcha dianteira onde ela estiver e use apenas as traseiras – isso vale apenas se você não for perder muita velocidade durante a rampa.
5 – Em subidas longas, troque a dianteira antecipadamente
Se for pegar uma ladeira maior ou mesmo uma montanha, coloque o câmbio dianteiro na coroa pequena de preferência. Lembre-se que, muitas vezes, as trocas dianteiras não são instantâneas, por isso é bom começar a subida na coroa que você vai usar pelo restante do percurso.
6 – Alivie a força nos pedais na hora da troca
Quando for trocar as marchas da bike, é importante tirar um pouco da força dos pedais da bicicleta. Isso evita trancos, barulhos e danos nos pinhões e na corrente da magrela. Não precisa parar de pedalar, basta reduzir um pouco a potência até sentir que a corrente engatou na engrenagem desejada.
7 – Aproveite seu embalo com trocas gradativas
Ao se aproximar de uma subida, não coloque imediatamente em uma marcha leve com o câmbio traseiro. Nestes casos, a melhor coisa a se fazer é ir mudando as marchas de forma gradativa, com o objetivo de aproveitar sua velocidade para superar os metros iniciais da rampa – pode parecer complicado, mas com a prática você pega a mão – ou será o pé?
8 – Mantenha a cadência adequada
As marchas da bike servem justamente para você manter uma rotação adequada nos pedais da bike. Por isso, você não deve pedalar com relações muito pesadas, em baixa rotação e fazendo muita força, nem com marchas muito leves, girando as pernas como um ventilador.
O segredo é manter o giro entre 60 e 90 RPM. Para medir isso, a melhor coisa a se fazer é investir em um computador de bike com essa função, ao menos até você aprender qual rotação funciona melhor para você.
9 – Melhore sua bike para as subidas
Se você ainda não tem força o suficiente para as subidas, e mesmo usando a marcha mais leve da sua bike você está com dificuldades, uma boa dica é trocar a relação dela. A X-Time, por exemplo, oferece várias opções de engrenagens, inclusive uma com apenas 30 dentes – ela funciona super bem com cassetes com engrenagens maiores, como este 11-46 também a X-Time.
10 – Trocas simultâneas
Essa é uma dica de nível avançado, que envolve utilizar os dois câmbios da sua bike de forma conjugada para manter a rotação ideal dos pedais. Apesar de exigir um pouco de coordenação, essa dica funciona super bem.
Ao se aproximar de uma subida, coloque sua corrente na coroa pequena da bicicleta. Mas, para compensar o aumento nas rotações do pedal, troca duas marchas no câmbio traseiro para baixo, engatando uma marcha mais pesada.
No fim, você deve terminar na coroa pequena, mas com a mesma rotação que você tinha antes da troca, mantendo assim o seu embalo.
Arrisca tentar?
Subidas, subidas e mais subidas
Assim como qualquer outra coisa na vida, aprender a usar os câmbios da bicicleta corretamente, seja nas subidas ou nas descidas, é sempre uma questão de prática. Por isso, quando encontrar uma ladeira, treine as técnicas explicadas neste texto e prepare-se para andar mais, se cansando menos!
Nos vemos nas montanhas!!